terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cordel Natalino

Gente!!! Minha querida Keninha mandou pra mim, mas vi com atraso! Vale a pena: http://www.youtube.com/watch?v=n7fa8Zp-kC4

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Destino - Luis Felipe Pondé

O DESTINO HUMANO é sobretudo fisiológico. Carregamos moiras em nossas células. Kafka tinha fixação em janelas como o lugar onde se envelhece. Seus “heróis” envelhecem na janela à espera da resposta acerca de seu próprio desaparecimento. Esse desaparecimento é uma da formas de o destino se revelar enquanto ainda estamos vivos: o envelhecimento. A vida moderna, voltada para o progresso, mostra sua ambigüidade de forma grotesca no modo como se relaciona com o destino fisiológico do ser humano, que é virar pedra.

Nunca tivemos nas mãos tantas técnicas para retardar o envelhecimento nem tanta consciência de nossa nulidade. Envelhecer hoje nada significa porque o idoso não é mais o narrador da vida. Ele nada mais é do que um corpo que cai no reino mineral. E são tantos os idosos que já sabemos que a maioria deles nada sabe e nada vale como narradores porque eles mesmos querem “aprender” com os mais jovens. Um mundo que endeusa o futuro (os mais jovens) é um mundo sem futuro. Quanto mais exaltamos as tecnologias da juventude, mais declaramos que a vida é um nada que despenca no abismo. A diferença é que hoje sabemos (ou achamos que sabemos) que os idosos nada sabem e, portanto, nada valem.

Uma sociedade como a nossa, em que o jovem é o critério de valor, necessariamente esmaga qualquer dignidade possível do envelhecimento. Quando um pai ou uma mãe quer ser como o filho ou a filha, ele ou ela nega o futuro para sua prole porque demonstra, na sua ridícula esperança de eterna juventude, que não vale a pena viver.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CORTINA DE BURRICE*

A Revolução Russa propôs-se a criar o “paraíso socialista”, cujo cardápio foi parido por intelectuais europeus. Na teoria, todos tinham direito a habitação, emprego, comida, escola e ópera. Mas a dieta era parca e o povão queria consumir mais. Daí a necessidade do que Churchill chamou de Cortina de Ferro, para não deixar que os russos bisbilhotassem o que consumia o mundo capitalista decadente. Para os xeretas, punições ferozes. Mas os seus líderes cometeram um erro, criaram também um estupendo sistema educativo para todos. Foi uma besteira, pois não houve maneiras de impedir um povo educado de ver o que acontecia do lado de fora. O resultado foi a estrepitosa queda do Muro de Berlim.

Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se a vontade. Mas não cometeram o erro dos russos. A garantia de isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade e conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo. Os que se aventuram ao exterior vão à Disneylandia, um mero parque de diversões, ou a Miami, uma sucursal do Brasil.

Nossas universidades estão fora das listas das melhores, resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos internacionalização. Nas européias, muitos cursos são oferecidos em inglês. Conheci um sueco que fez seu doutorado em Estocolmo, há quatro décadas. Quando entregou o primeiro trabalho, no seu idioma, foi interpelado pelo professor: “O senhor não terá futuro acadêmico, se continuar a escrever nesta língua!”. Visitei a fábrica Seiko (japonesa) na China. A língua oficial era o inglês. O mesmo em Toulouse, na fábrica do Airbus.

O resultado do nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures. Há esforços heróicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é a exceção.

Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se a corte permanecia tosca, o interiorzão está ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa, em 2 000 anos. Progredimos muito desde então. Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados. Limitemo-nos a olhar os valores que a civilização ocidental amadureceu, em meio a guerras, perseguições e sangue. O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:

• O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).
• O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.
• O hábito automático de cumprir o prometido (um amigo tenista, no Rio, não encontrou os parceiros combinados para o dia seguinte. Em Washington, estavam lá para o compromisso combinado três semanas antes).
• Trabalho manual não é humilhante. Usar as mãos educa.
• Cumprir a lei, branda ou dura. Uma vez aprovada, é para valer.
• Respeito pelo próximo, no trânsito, no silêncio e em tudo o mais.
• Segurança pessoal (Deixar o carro em um ermo e encontrá-lo ileso, no dia seguinte).
• Quem vigia tudo é a sociedade, mais do que a polícia.
• Profissionalismo. Há uma maneira melhor de fazer as coisas. O profissional a conhece e a aplica.

Desdenhamos tal herança e macaqueamos hábitos cretinos e modas tolas. Agora temos “delivery” de pizza e “Sales” com preços imperdíveis. Importamos o crack, as tatuagens, o Big Brother e, de repente, saímos todos com uma garrafa de água mineral na mão, para socorrer uma súbita e fatal crise de sede, no quarteirão seguinte. Pelo menos as senhoras elegantes do Rio já não usam mais casacos de pele nas recepções.


* Cláudio de Moura Castro

domingo, 31 de outubro de 2010

sábado, 30 de outubro de 2010

Nos idos de 1822...*

Quem presta serviços, presta-os à nação e nunca ao imperador [governante], que é apenas uma parte da nação (...). Nosso imperador [governante] é um imperador [governante] constitucional e não o nosso dono. Ele é um cidadão que é imperador [governante] por favor nosso e chefe do Poder Executivo, mas nem por isso autorizado a arrogar-se e usurpar poderes que pertencem à nação. (...) Os habitantes do Brasil desejam ser bem-governados, mas não submeter-se ao domínio arbitrário.

*Retirado do Sentinela da Liberdade, periódico impresso no RJ durante 1a. monarquia.

Por Cláudia Freire Lima

Dá pra falar alguma coisa depois de ler este poema que minha amiga Cláudia fez?

"Ana voa e povoa o porto do pensamento que voa e se perde no tempo...
O vento de Ana engana, e enverga as árvores felizes que vivem no parque.
Ana é vento forte que despenteia meus cabelos e me faz voar...”

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Bagucinhas de cabeça...

Eu não faço idéia do que se passa na cabeça de alguém que, ao se acomodar para alguma leitura, coloca juntinho a si um romance moçambicano, uma revista de negócios, uma ficção juvenil autobiográfica cuja capa chamativa é pra uma brincadeira com pôneis e um livro sobre o começo do universo (comparativos entre criacionismo e evolucionismo, enfocando alguns meandros de design criativo e outras coisinhas mais...).

"Acordar não é de dentro. Acordar é ter saída." (João Cabral de Melo Neto)

Resumo da ópera: precisando de adaptar-se à nova (in)disposição de objetos, livros, ferramentais e materiais para extravasar a criatividade - ou as ilimitadas questões "da vida"...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Lupiscínio Rodrigues:

"Poetas, músicos, pintores, atores, gente de todas as cores, façam um favor para mim:
quem souber cantar que cante, quem souber dançar que dance, quem souber tocar apito que apite, quem quiser gritar que grite, mas faça este mundo acordar."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Saber ou não saber?

Gente, descobri mais uma utilidade das novelas da Globo: dizer na cara-dura o quanto as pessoas são ignorantes. Ou melhor, o quanto o ser-humano é miúdo muitas vezes... E ainda por cima, esse mesmo ser-humano quase nunca reconhece suas limitações e é incapaz de assumir que não sabe tudo, não possui tudo que quer, é invejoso, quer ser um superstar ainda que sem brilho nenhum...

Moral da história de hoje: Nem só de caviar vive o homem.

domingo, 20 de junho de 2010

Istvan WESSEL

"Açougue não tem cheiro ruim e, se cheira mal, de duas uma: ou lá tem carne estragada ou não o limparam direito."

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Também de Cervantes:

"O não saber um homem ler indica uma de duas coisas: ou que teve nascimento humilde e baixo, ou que foi tão travesso e tão mau, que lhe não pode entrar na cabeça o bom costume nem a boa doutrina."

quinta-feira, 8 de abril de 2010

De uma comédia moderna, de Cervantes:

É como o vidro a mulher;
Mas não é mister provar
Se se pode ou não quebrar,
Porque tudo pode ser.

E é mais fácil o quebrar-se;
Loucura é logo arriscar
A que se possa quebrar
O que não pode soldar-se.

Fiquem nisto, e ficam bem,
Pois nisto o conselho fundo:
Que se há Dânais* neste mundo,
Há chuvas de ouro também.


* O Rei Acrísio, para evitar que se cumprisse o vaticínio de que um seu neto haveria de matá-lo, encerrou Dânae, sua única filha, em uma torre; mas Júpiter, cobiçoso por desfrutar sua beleza, o conseguiu transformado em chuva de ouro.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sempre gostei...

DEIXE OS VIOLÕES TOCAREM
(Vitrolas)

Deixe as nuvens murcharem e caírem no mar
Eu não vou me importar, sei que a vida vai mudar
Não há blues que te impeça de com a gente tocar
Quando quiser

Já estivemos longe do mundo,
O tempo foi bom, eu posso lembrar
Mergulhamos na infância bem fundo
Não tínhamos nada pra preocupar
Não deixe eu esquecer as flores,
Na nossa sala eu vou pendurar
Fechando os olhos eu volto no tempo,
E com você posso me encontrar

Deixe os violões tocarem, deixe as nuvens partirem
Ah, por favor baby, não é hora de ir
Deixe eu ouvir a gaita, não deixe eu esquecer nada não
Nos deixe tocar de novo, juntos mais uma canção.

Tem tempo que ouvi os meninos cantando pela primeira vez essa música, e imediatamente melodia e letra afinaram com meu gosto, sentimento, simpatia...
Gosto dessa música.

quinta-feira, 4 de março de 2010

INVICTUS*

Louis Untermeyer, ed. (1885–1977). Modern British Poetry. 1920.

OUT of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


* William Ernest Henley. 1849–1903

quarta-feira, 3 de março de 2010

Disse Dwight Einsenhower:

"Não haverá paz sem lei e não pode haver lei se tivermos de invocar um código de conduta internacional para nossos oponentes e outro para nossos amigos. [...] Não julgamos um homem pelo seu nome e sua herança, mas pelo que ele fez e defende, e de modo semelhante julgamos as outras nações."

Numa história inteira de conflitos, durante mais de meio século, pela primeira vez um americano posicionou-se com equidade e justiça. Pela primeira, e única, que eu tenha visto!!

Escreveu C. S. Lewis:

"Um homem que fosse meramente um ser humano e dissesse as coisas que Jesus disse não seria nenhum grande mestre de moral. De três, uma: ou ele seria um lunático... ou, então, seria o demônio do inferno. Você tem de fazer a sua escolha... Pode descartá-lo como um louco, ou pode cuspir nele e matá-lo como se fosse um demônio; ou então, pode cair de joelhos e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não me venha com qualquer tipo de baboseira paternalista, dizendo ter sido ele algum grande mestre de moral. Ele não nos deu essa alternativa. E nem pretendia dar."

terça-feira, 2 de março de 2010

seguir, seguir... mas é tão difícil......